quarta-feira, novembro 09, 2011

Lagarta de Fogo

Sou lagarta de fogo sertaneja

Que entre chamas cresceu nesse torrão

Dia a dia lutei minha peleja

Entre os ares ardis da imensidão

Proclamando o furor da natureza

Pelos cantos ruinosos desse chão


Sou amarga cachaça de alambique

Meu veneno dói mais que traição

Fiz-me moça rapaz e metamorfo

Sem destino sem voz e sem perdão

É assim que construo minha vida

Arrastando-me a esmo em procissão


Tenho as cores primárias da bandeira

Mesmo assim permaneço escondida

E nas folhas eu armo uma mordida

Pra quem ouse tocar-me sem aviso

Sou moléstia sem cura e sem juízo

Zombeteira imoral e desmedida


Se da vida só tive sol e fogo

Tudo herdado entre várias toxinas

Sou talvez até imune a vacinas

Pois é essa a sorte que carrego

Não me julguem cruel sou um espectro

Da vertigem dantesca nordestina


2 comentários:

SAULO DANIEL DOS ANJOS disse...

A poesia que mais gostei de seu blog, sem desmerecimento das demais, essa é perfeita!

Antônio Xavier disse...

-Obrigado Saulo! Esse elogio vindo de você me deixa realmente muito feliz. Ai está, é essa a nossa arte de encarar a vida por meio dos versos.