quarta-feira, dezembro 21, 2011

Sinfonia Da Agonia

Tomarei mais um gole de poeira

Brindarei aos escombros do passado

Qual rastilho de pólvora e devaneio

Sobre os ombros de um anjo alquebrado


Meu cantar eu não sei se é de tristeza

Pouco a pouco perdi a identidade

Já não vejo futuro na beleza

Sequer lembro se tive mocidade


Mãos caquéticas buscam no silêncio

Um assombro qualquer de nostalgia

E em meu leito protesto inutilmente

Contra os golpes ardis da covardia


Já na porta a tramela entreaberta

Sinaliza algo como esquecimento

Pelas gotas do sol que se inicia

Carimbando a envelope do lamento


Lábio negro qual lótus encardida

Um tapete de abelhas pelo chão

Num trabalho de pura sinergia

Dão-me a prova cruel do seu ferrão

sábado, dezembro 17, 2011

Sobre o Continuar

Silêncio!

Não estou mais aqui.

Parti...

Tive que ir.


Silêncio!

Passos rumo ao horizonte.

Incerteza...

Distante e inconstante.


Silêncio!

Sai sem me despedir.

Nuvem...

Sol a me diluir.


Silêncio!

Como correntezas.

Oscilação...

Cerrei as presas.


Silêncio!

Talvez nunca volte a falar.

Olhar...

Volto a caminhar.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Alquimeras

Aquela tola menina

Com olhos azul-anil

Nunca muda nunca cresce

Semblante multi-senil


No torto banco da praça

Vestido cor de avelã

Digere amargos sabores

De uma podre maçã


Ao seu redor há um mundo

Que teima em lhe abarcar

Num toque frugal imundo

Que aos poucos lhe toma o ar


Criança de mãos intáteis

Que quer se fazer ouvir

Mas como isso é possível

Se sequer se faz sentir


Uma alquimia confusa

Como gotas de elixir

Uma pitada profunda

De um qualquer existir


segunda-feira, dezembro 05, 2011

Contrastes

A porta larga do tempo

Me convida para entrar

Enquanto com passos soltos

Não paro de caminhar


É um estado de espírito

Assim como um céu profundo

Que de estante em estante

Dá voltas por entre o mundo


Um vaga-lume de estrelas

Com frases de adoração

Que formam um mosaico estranho

No véu da escuridão


Em pastos verdes e secos

De cenário azulmital

Em poucas gotas de chuva

No dia a dia frugal


A harpa dos anjos bentos

Codinome Serafins

Cantando toadas secas

De adoecer os rins