segunda-feira, novembro 22, 2010

A Vidraça


A fina chuva que cai

Faz caminhos na vidraça

Para que então se contemple

O fim da época que passa


Percebe-se estar sozinho

Num chato mundo que esmaga

Como cinzas de uma chama

Que pouco a pouco se apaga


Ao lado a vitrola velha

E as lembranças distorcidas

As velhas paredes mortas

Guardam histórias esquecidas


A luz do luar que corta

Pouco a pouco a escuridão

Forma desenhos nas sombras

Em forma de um coração


E para sentir-se em casa

Canta uma velha canção

Enquanto em meio aos pingos

Vai-se indo a escuridão



quarta-feira, novembro 17, 2010

Oceano

Eu vi um oceano em teu olhar

Era manso calmo e infinito

Assim como é o teu coração

Lindo cenário de um azul bonito


Eu vi um oceano em teu olhar

E os seus corais fartos coloridos

Fartos como as tuas costas largas

Talhadas por meus dedos incontidos


Eu vi um oceano em teu olhar

E estrelas no céu que acima brilha

Para formar desenhos zodiacais

E meus passos seguirem tua trilha


Eu vi um oceano em teu olhar

E as flores varando a madrugada

Testemunhas ocultas dos teus beijos

Contemplando a nossa alvorada


Eu vi um oceano em teu olhar

E nesse teu olhar eu mergulhei

E pouco a pouco me fui indo

Até que finalmente me afoguei



domingo, novembro 07, 2010

O Segredo

Se nossos corpos falassem

Certamente eles diriam

O quanto fomos felizes

Em épocas de alegria


Diriam daquelas noites

Que dormimos ao luar

Acordando de manhã

Com o sol a nos despertar


E os teus cabelos soltos

Sobre os sussurros do vento

Corríamos sobre a grama

Esquecíamos do tempo


E hoje vendo teu sorriso

Vejo que nada mudou

Parece até uma tela

Que com os anos melhorou


Mas nossos corpos não falam

Preferem guardar segredo

Assim mantemos a chama

Da lembrança em nosso peito



quarta-feira, novembro 03, 2010

Assim me encontro, mesmo perdida...

Aos trancos e barrancos sigo
Levando o mundo comigo
Sabendo para onde vou, porém,
Sem saber se chegarei além.

Fecham-se ciclos, intermitentes
Abrem-se portas à minha frente
Adentrarei às cegas, perdida,
mas com pé no chão, não iludida.

E cavo cada vez mais fundo
E o abismo faz-se profundo,
Busco assim chegar ao céu!
Pois não sei qual meu papel...

Coadjuvante de meu próprio destino,
Pois minha vida, qual um desatino,
Já foi traçada, escrita por outro!
E assim me perco para ver se a encontro...