quarta-feira, outubro 27, 2010

O Anjo


Em frente ao espelho ele se olha

Os anos são poucos para tal idade

Como um Dorian em frente a um quadro

Perpetuando a falsa mocidade


Suas músicas frágeis melancólicas

Assim como seu frágil coração

Finge sempre ser duro e displicente

Pra ocultar sua real expressão


Ele deseja não estar ali

E partir pra um lugar que desconhece

Naufragar em seus próprios devaneios

Repetindo pra sempre esta prece


As suas asas são sempre amarradas

E os seus pés presos ao rubro chão

Tenta voar mas é sempre impedido

E pra correr não lhe dão a permissão


O pobre anjo diante do espelho

Entre a escolha de uma direção

Sequer cogita sobre o que merece

Um verde “sim” ou um vermelho “não”



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